11 de setembro de 2012

O Ministério: A Introdução


Capítulo Zero: A Introdução


Terra, Salvador, Elevador Lacerda – 25 anos depois

Victor, agora um homem, estava sentado sobre o Elevador Lacerda. A construção histórica foi inaugurada em 1873, tendo 72 metros de altura que ligava da Cidade Baixa à Cidade Alta, era inegavelmente um dos principais monumentos da Bahia, se não do Brasil, sua estrutura já foi reformada e reforçada diversas vezes, a forma a qual o vemos hoje é a de um “novo Elevador Lacerda”. Apesar da estrutura, no sentido construtivo, ainda ser a mesma. Mas o que realmente importa, é que para Victor aquele local era um dos seus preferidos, ali ele se sentia bem, muito bem.
À vista a 72 metros acima do solo possibilitava um relaxante natural aos olhos. Era estonteante ver toda a Cidade Baixa em um tom roseado, por estar em frente a um mar que se perdia no horizonte e que refletia um belíssimo pôr-do-sol era tudo o que este jovem rapaz desejava, aliás, era mais do que Victor havia pedido para aquela tarde amaldiçoada. A beleza era tão grande, que acabou fazendo-o esquecer o porquê de estar ali, mas infelizmente logo se lembrou.
Será que havia como esquecer? Victor estava no ponto de encontro marcado há exatos dois meses. E durante aqueles dois meses ele jamais esqueceu o porquê de estar ali, naquela hora e naquele local, local que ele mesmo escolhera. Aquele seria o ponto de encontro ideal para uma talvez visão final, aquele pub era o seu lugar mais amado e querido, fora o seu lar, que ficava logo as suas costas. Victor havia decidido que caso o que iria ser iniciado ali resultasse em fracasso, ao menos ele fracassaria ao lado das coisas que ele amava. Mas isso não irá acontecer. Tudo foi pensado meticulosamente, não há como haver falhas. Pensou ele. Mas a verdade seja dita: ele de fato não poderia falhar. Muita coisa estava em jogo para que houvessem quaisquer erros, por menores que fossem.
Depois daquele dia tudo seria diferente. O mundo seria diferente, a galáxia seria diferente, o Universo seria diferente. Por isso, falhas não seriam toleradas. Foram cinco longos anos pensando em tudo, do início ao fim, como as coisas seriam e como elas acabariam. Não seria agora, em um momento de extremo pessimismo que ele iria falhar. Não, não era apenas ele que não poderia falhar, eles, não poderiam falhar. E quando digo eles, falo de seu braço direito e esquerdo. Falo de sua Guarda Pessoal. Os dois, espere, os três, afinal Victor era um deles. Os três que foram considerados o fruto podre do Ministério estavam ali, reunidos mais uma vez, e nenhum deles poderia falhar. Nem Victor, nem Lilith, nem Ibis. Os três traidores. O fruto Humano. O Veneno Ministerial. Os três Ministros Santos Traidores.