Capítulo Zero: A Introdução
Terra, Salvador, Elevador Lacerda – 25
anos depois
Victor,
agora um homem, estava sentado sobre o Elevador Lacerda. A construção histórica
foi inaugurada em 1873, tendo 72 metros de altura que ligava da Cidade Baixa à
Cidade Alta, era inegavelmente um dos principais monumentos da Bahia, se não do
Brasil, sua estrutura já foi reformada e reforçada diversas vezes, a forma a
qual o vemos hoje é a de um “novo Elevador Lacerda”. Apesar da estrutura, no
sentido construtivo, ainda ser a mesma. Mas o que realmente importa, é que para
Victor aquele local era um dos seus preferidos, ali ele se sentia bem, muito
bem.
À
vista a 72 metros acima do solo possibilitava um relaxante natural aos olhos. Era
estonteante ver toda a Cidade Baixa em um tom roseado, por estar em frente a um
mar que se perdia no horizonte e que refletia um belíssimo pôr-do-sol era tudo
o que este jovem rapaz desejava, aliás, era mais do que Victor havia pedido
para aquela tarde amaldiçoada. A beleza era tão grande, que acabou fazendo-o
esquecer o porquê de estar ali, mas infelizmente logo se lembrou.
Será
que havia como esquecer? Victor estava no ponto de encontro marcado há exatos
dois meses. E durante aqueles dois meses ele jamais esqueceu o porquê de estar
ali, naquela hora e naquele local, local que ele mesmo escolhera. Aquele seria
o ponto de encontro ideal para uma talvez visão final, aquele pub era o seu lugar mais amado e
querido, fora o seu lar, que ficava logo as suas costas. Victor havia decidido
que caso o que iria ser iniciado ali resultasse em fracasso, ao menos ele
fracassaria ao lado das coisas que ele amava. Mas isso não irá acontecer. Tudo foi pensado meticulosamente, não há
como haver falhas. Pensou ele. Mas a verdade seja dita: ele de fato não
poderia falhar. Muita coisa estava em jogo para que houvessem quaisquer erros,
por menores que fossem.
Depois
daquele dia tudo seria diferente. O mundo seria diferente, a galáxia seria
diferente, o Universo seria diferente. Por isso, falhas não seriam toleradas.
Foram cinco longos anos pensando em tudo, do início ao fim, como as coisas
seriam e como elas acabariam. Não seria agora, em um momento de extremo
pessimismo que ele iria falhar. Não, não era apenas ele que não poderia falhar,
eles, não poderiam falhar. E quando
digo eles, falo de seu braço direito
e esquerdo. Falo de sua Guarda Pessoal.
Os dois, espere, os três, afinal
Victor era um deles. Os três que foram considerados o fruto podre do Ministério
estavam ali, reunidos mais uma vez, e nenhum deles poderia falhar. Nem Victor, nem Lilith, nem Ibis. Os
três traidores. O fruto Humano. O Veneno Ministerial. Os três Ministros Santos Traidores.