8 de novembro de 2012

As Confissões de Um Deus Pagão


É engraçado, sinto-me tão triste, vazio e desconfortável. É como se este corpo, esta vida, esta pessoa não mais fizessem sentido. Como se tudo que sou e fui não tivessem tido um objetivo. Sinto meu mundo desabar sobre mim, vejo tudo que construí ruir bem em frente aos meus olhos e sinceramente não tenho vontade alguma de impedir.

Ao mesmo tempo em que dói tanto, dá-me um sentimento de fraqueza, um sentimento de impotência de um Victor Said falso e incapaz. Um simples pirralho incapaz de seguir em frente. Que não tem força. Que está Cansado. Que está Desolado. Mas ainda assim, e mesmo assim, Vazio.

É tão triste e fúnebre. Meus sentimentos mais se confundem com  a perda de alguém do que a tristeza rotineira, é tão assustador. Meu corpo não demonstra a menor vontade e desejo de superar, enquanto minha mente tenta, esforçadamente me levantar, mas minha alma derramas lágrimas, lágrimas que caem incessantemente. Que não me deixam em paz. Que apenas fazem-me sentir mais e mais mal.

E isso tudo é tão engraçado... Engraçado não por ser divertido, mas por tão trágico ser. Sinto tudo em mim ruir. Ruir de uma maneira como nunca antes aconteceu. Estes sentimentos tão confusos, tão tristes, tão inerentes e paradoxais preenchem minha alma até a última gota e lutam insanamente para tomar o controle, mas por mais que persistentes minha razão se ergue em flagelo singelo buscando reconstruir o que um dia já fui. Tentando loucamente me dar forças.

Mas meus pobres sentimentos se limitam a dor, a dor de perder tudo. A dor de não querer nada e de não lutar por nada. Simplesmente o brilho habitual e que até, literalmente, ontem estava em mim se esvaiu e de uma forma que não sei se sou capaz de recuperar. Dói tanto...

Não consigo enxergar, por mais que olhe e reolhe, resquícios de amizade verdadeiras. E que perdoem meus amigos, não estou dizendo que não o são, estou dizendo que apenas, agora, não sou capaz de enxergar. Mas ao mesmo tempo não posso negar a natureza de sua amizade, porém, ainda assim, sinto-me tão só, tão solitário, tão vazio: como se nunca tivesse tido amigos, como se não tivesse amigos. Infelizmente, é assim que me sinto.

Quando olho para o que sou... Ah, o que sou... A figura me desagrada profundamente. Vejo um Victor tão alheio a si mesmo. Tão perdido e instável, um Victor que está longe de ser o que sou. Mas tão perto do que um dia já fui...

O Paradoxo corrompe esta pobre existência. Parece que meu mundo, este singelo mundo habitado por um Deus Pagão, se foi. Aliás, se vai; e se esvai. E mesmo que ele possa ver, e ele vê, ele é incapaz de impedir, ele se quer quer impedir. Gostaria tanto de poder fazer com que tudo fosse como era antes, gostaria tanto que tudo voltasse ao normal.

Gostaria Tanto De Voltar a Ser Eu...
 Apenas Mais um Deus Pagão Imerso em Seu Pequeno Mundinho.