É engraçado,
sinto-me tão triste, vazio e desconfortável. É como se este corpo, esta vida,
esta pessoa não mais fizessem sentido. Como se tudo que sou e fui não tivessem
tido um objetivo. Sinto meu mundo desabar sobre mim, vejo tudo que construí ruir
bem em frente aos meus olhos e sinceramente não tenho vontade alguma de
impedir.
Ao
mesmo tempo em que dói tanto, dá-me um sentimento de fraqueza, um sentimento de
impotência de um Victor Said falso e incapaz. Um simples pirralho incapaz de
seguir em frente. Que não tem força. Que está Cansado. Que está Desolado. Mas
ainda assim, e mesmo assim, Vazio.
É
tão triste e fúnebre. Meus sentimentos mais se confundem com a perda de alguém do que a tristeza
rotineira, é tão assustador. Meu corpo não demonstra a menor vontade e desejo
de superar, enquanto minha mente tenta, esforçadamente me levantar, mas minha
alma derramas lágrimas, lágrimas que caem incessantemente. Que não me deixam em
paz. Que apenas fazem-me sentir mais e mais mal.
E
isso tudo é tão engraçado... Engraçado não por ser divertido, mas por tão
trágico ser. Sinto tudo em mim ruir. Ruir de uma maneira como nunca antes
aconteceu. Estes sentimentos tão confusos, tão tristes, tão inerentes e
paradoxais preenchem minha alma até a última gota e lutam insanamente para
tomar o controle, mas por mais que persistentes minha razão se ergue em flagelo
singelo buscando reconstruir o que um dia já fui. Tentando loucamente me dar
forças.
Mas
meus pobres sentimentos se limitam a dor, a dor de perder tudo. A dor de não
querer nada e de não lutar por nada. Simplesmente o brilho habitual e que até,
literalmente, ontem estava em mim se esvaiu e de uma forma que não sei se sou
capaz de recuperar. Dói tanto...
Não
consigo enxergar, por mais que olhe e reolhe, resquícios de amizade
verdadeiras. E que perdoem meus amigos, não estou dizendo que não o são, estou
dizendo que apenas, agora, não sou capaz de enxergar. Mas ao mesmo tempo não
posso negar a natureza de sua amizade, porém, ainda assim, sinto-me tão só, tão
solitário, tão vazio: como se nunca tivesse tido amigos, como se não tivesse
amigos. Infelizmente, é assim que me sinto.
Quando
olho para o que sou... Ah, o que sou... A figura me desagrada profundamente. Vejo um Victor tão
alheio a si mesmo. Tão perdido e instável, um Victor que está longe de ser o
que sou. Mas tão perto do que um dia já fui...
O
Paradoxo corrompe esta pobre existência. Parece que meu mundo, este singelo
mundo habitado por um Deus Pagão, se foi. Aliás, se vai; e se esvai. E mesmo que ele possa
ver, e ele vê, ele é incapaz de impedir, ele se quer quer impedir. Gostaria
tanto de poder fazer com que tudo fosse como era antes, gostaria tanto que tudo
voltasse ao normal.
Gostaria Tanto De Voltar a Ser Eu...
Apenas Mais um Deus Pagão Imerso em Seu Pequeno Mundinho.