22 de fevereiro de 2013

O Ego


Estava me sufocando.
Estava me cegando.
Estava me perdendo.
Aquele mar era denso.
Muito denso.
Mais que a água, talvez, mais
Muito mais do que mercúrio.
Que mar Profundo.
Denso.
Sujo.
Negro.
Frio.
Não fazia ideia de como havia chegado ali.
Não estava em um abismo escuro?
Como pudera chegar ali?
Apenas me lembro de em meio a escuridão,
Ter tropeçado.
Sabe-se lá Deus em quê, mas havia tropeçado:
E caído.
Caído naquele mar denso, sem direção ou sentido.
Apenas caindo.
Caindo.
Caindo.
E
Caindo.
Não fazia ideia,
Mas à medida que ia caindo
Passava a entender.
Aquele mar infinitamente denso fazia parte de mim.
Aquilo que me desnorteava, me engolia e me perdia.
Aquilo era meu Ego(?!).
Tudo agora fazia sentido.
À medida que afundava mais e mais me acostumava.
Mais e mais eu entendia.
Aquele grande mar era o reflexo de quem eu era.
Do que ele era, aliás, do que ele se tornou.
Talvez por Medo,
Talvez por Coragem,
Talvez por Verdade,
Talvez por Mentira,
Talvez pela Verdade,
Talvez por Si.
Ou talvez pelo Outro?
Talvez por Ninguém.
Mas
Aquele mar, fosse como fosse, era a prova,
A prova de sua ilusão.
De sua fraqueza.
De seu Eu.
Do seu medo.
Medo de ser igual.
Medo de ser diferente.
Medo de ser estranho.
Medo de não ser ele.
Aquele mar era a prova
Absoluta
De suas insanas tentativas
De exercer
E continuar a ser
Seu Eu.