3 de março de 2013

Os Sentimentos

Continuava a doer.
Mas...
Em um local diferente.
Em uma ferida que
Nunca
Havia cicatrizado:
Era uma ferida aberta
Uma ferida que logo cedo
Se abrira, aliás
Fora aberta.
Quando olhada com a devida atenção
Rapidamente se percebia
Não era uma ferida:
Era um buraco:
Fundo, Profundo, Vazio.
Era um buraco:
Que sempre vazara sangue
Era um buraco:
Que de tão grande e sujo
Mais parecia uma ferida
Mas era um buraco, e não uma ferida.
Um buraco que representava a perda.
Um buraco que representava a dor.
Um buraco que representava os sentimentos.
Era um buraco, que na verdade, representava a Perda dos Sentimentos.
Um estranho buraco que, gostando ou não, sempre doía.
Fora feito à tanto tempo,
Que dele não me lembraria,
Se sua inoportuna existência
Sempre,
Sempre,
E
Sempre
Me incomodaria.
Tinha vontade
Tinha curiosidade
E principalmente,
Necessidade
De saber como seria se aquele imenso buraco ali não estivesse.
Seria ótimo poder
Sentir
Expressar
Compartilhar
Os mais puros
E os piores
Sentimentos.
Não ser indiferente.
E, especialmente,
Não fazer de toda
Presença
Pessoa
Amigo
Ou
Familiar
Seres indiferentes.
Seres que, para mim, não tem valor
Adoraria saber e sentir
O agridoce sabor
Dos Sentimentos.