1 de março de 2013

A Solidão

Estava doendo.
Meu corpo estava doendo.
Não.
Já fazia tanto tempo que não doía
Ou
Doía num ritmo tão constante
Que eu já havia esquecido (ou acostumado?)
Mas, agora, havia recordado
Mesmo dentro daquele mar
Afundando em meio à um abismo
Frio e escuro, puxado por correntes
Todas as cicatrizes doíam em conjunto,
Como há anos não faziam.
Conseguia, apesar do escuro
Enxergar cada uma delas
Umas maiores, outras menores
Algumas chamativas, outras discretas
Algumas doíam,
Outras ardiam,
Algumas queimavam,
Mas todas estavam cicatrizadas,
Fechadas, curadas(?).
Eu me lembrava, perfeitamente,
Como agora, quem havia feito
Cada uma delas.
Direta ou indiretamente;
Proposital ou sem querer (querendo[?])
O porquê,
O quando,
O onde,
O como.
Mas o mais curioso,
Daquelas cicatrizes que tomavam meu corpo.
Não.
Daquelas cicatrizes que tomavam minha alma.
Era o fato de cada uma delas, sem, talvez, exceções
Ter sido feitas em meio à solidão.
Apesar de, em sua maioria, ter sido feitas
Por pessoas diferentes:
Não houve um momento que não estive tomado
Por Solidão.
Na verdade,
Não me recordo de um único momento
Um, se quer, que não estivesse só.
Talvez não em companhia,
Mas
Em Espírito,
Em Pensamento,
Em Reciprocidade,
Em Amizade,
Em Vida.
Nunca houve, no fim, um único momento
Que não estivesse só.
Que não me sentisse assim.
Ou talvez, seja o contrário.
Eu sempre tive um companheiro.
Eu sempre estive acompanhado.
Afinal,
A Solidão Sempre Esteve ao Meu Lado.