Estava chovendo.
Havia um olhar
incessante.
Não.
Haviam diversos
olhares incessantes.
Eram olhares
estranhos.
Hostis e
violentos
Pareciam me
engolir, me fuzilar
Eram olhos que
eu não queria encarar
Passei a ver a
Lua,
Ela estava
linda.
Tão cheia e
brilhante.
Queria tanto que
aqueles olhos brilhassem também
Eles
continuaram, eles me encararam
O que será?
Minhas Roupas?
Meu rosto?
Meu corpo?
O quê?
Eu realmente não
sei.
Mas aqueles
olhos não eram nada curiosos
Eram de
represália, violência e agressão.
Por que não
param? Por que não me deixam em paz?
Mas são tão
belos olhos.
Como
esquecê-los?
Como não
amá-los?
Como não
notá-los?
O ódio é tão
singelo, a natureza tão falha.
Até
quando me olharão?
Admiração?
Inveja?
Amor?
Não!
Coisa
muito pior:
Indiferença.
Até
hoje não sei, apesar de saber,
Por
que aqueles olhos tão belos e odiosos tanto me encaravam
Talvez,
é, talvez, eles nem se quer perceberam que eu estava ali.
Ah,
aqueles olhos.