27 de janeiro de 2013

As Palavras



Minha audição, aquela altura, já estava completamente acostumada.
Era possível, completamente possível,
Ouvir e diferenciar cada um dos tons
Cada palavra dita
Cada frase pronunciada
E cada sentimento proferido
Havia tantas palavras, em tantos contextos
Faladas de tantas formas diferentes
Mas por uma mesma boca
Expressas por uma mesma voz
Mas com intensidades tão diferentes
Proferindo verdades e mentiras tão distintas
Com um poder tão assustador
Tão manipulador
Tão sereno
Tão confiante
Tão Eu.
Aquelas palavras viam com tanta força
Com tanta intensidade
Vinham de forma absoluta
Inquestionável
Vinham como sendo Palavras
E não há, definitivamente, nada mais poderoso
Do que as Palavras.
Elas constroem o Mundo
Mudam o Mundo
Alteram as coisas
Fazem as coisas
As Palavras vêm, destroem, alternam e modificam
A tudo e a todos.
O Mundo, as pessoas, as coisas
A realidade.
Tudo está sujeito a elas
E ao poder delas
Afinal, elas são as palavras
E as palavras
Mudaram o Mundo
Ao menos,
O meu Mundo.

26 de janeiro de 2013

As Máscaras



Tudo estava escuro.
Muito escuro.
A sensação de estar caindo havia cessado.
Parecia que, apesar de já ter alcançado o fundo daquele imenso abismo:
Ele não estava sozinho
Não!
Apesar de não enxergar
Haviam vários e vários olhares
Frios e incessantes, como antes
Mas agora, eles eram diferentes.
Com eles, vinham sentimentos diferentes,
Sensações diferentes e principalmente
Pessoas diferentes.
A singularidade de cada uma delas estava marcada em seus olhares
Mas, devido ao extremo escuro, diferente de antes,
Não era possível observa-los.
Apenas ser observado.
Quem eram e o que faziam era algo que não se sabia
Mesmo sobre tais olhares, a caminhada sobre a escuridão continuava
E com ela, os seus sentidos despertavam
A tal ponto que ele poderia não enxergar,
Mas era perfeitamente audível, aliás,
Agora era perfeitamente audível o que se falava
Em meio a aquele tumultuo de vozes
Cada uma delas,
E cada uma das suas falas,
E cada um de seus tons
E cada uma de suas verdades
Eram completamente claras.
E o pior, eram todas máscaras.
Aquelas não eram palavras e falas estranhas
Ele se via, e como se via,
falando cada uma delas
E em cada uma, memórias vinham
Pessoas, momentos e memórias
Mas ele se questionava:
Quantas delas eram verdadeiras?
Por que tantas máscaras?

24 de janeiro de 2013

O Abismo


Caiu.
Em um abismo infinito
Era de um vazio e escuridão
Obscuridade e introspecção
Era de uma profundidade nunca antes vista
Nunca havia se visto assim
Ele se amava e se conhecia,
Aliás,
Estava se Conhecendo
Se reconhecendo
Era incrível
Ele nunca havia se sentido assim
Como pudera decair tanto
E
Mesmo assim
Se sentir assim?
Ele estava confuso
Mas estava feliz
Era bom.
Muito bom.
Poder se sentir assim
Se conhecer e se entender
Aquele era o seu amor,
Aquele era ele mesmo
O ser que mais amava e admirava
Aos seus olhos ele era Deus
O abismo, o vazio e a dor eram seus refúgios
Fazia bem, muito bem.
Quem diria e julgaria
Que naquele abismo ele estaria tão bem.
No fim, aquele era o abismo
O Abismo da sua Consciência.

20 de janeiro de 2013

Os Olhos



Estava chovendo.
Havia um olhar incessante.
Não.
Haviam diversos olhares incessantes.
Eram olhares estranhos.
Hostis e violentos
Pareciam me engolir, me fuzilar
Eram olhos que eu não queria encarar
Passei a ver a Lua,
Ela estava linda.
Tão cheia e brilhante.
Queria tanto que aqueles olhos brilhassem também
Eles continuaram, eles me encararam
O que será?
Minhas Roupas?
Meu rosto?
Meu corpo?
O quê?
Eu realmente não sei.
Mas aqueles olhos não eram nada curiosos
Eram de represália, violência e agressão.
Por que não param? Por que não me deixam em paz?
Mas são tão belos olhos.
Como esquecê-los?
Como não amá-los?
Como não notá-los?
O ódio é tão singelo, a natureza tão falha.
Até quando me olharão?
Admiração?
Inveja?
Amor?
Não!
Coisa muito pior:
Indiferença.
Até hoje não sei, apesar de saber,
Por que aqueles olhos tão belos e odiosos tanto me encaravam
Talvez, é, talvez, eles nem se quer perceberam que eu estava ali.
Ah, aqueles olhos.


19 de janeiro de 2013

Coerente Incoerência


A incoesão, de tão coerente se faz coesa
É razão, de tão fantasiosa se faz lógica
O sentimento, de tão intenso se faz sentido
Oh destino, de tão fúnebre se faz vivo
AH vida, de tão curta se faz infinita
Os caminhos da ilusão fazem-se sentir
Através do mais puro brilho viril
Da estrela decadente, que vai e que decai
É inconsequente e inerente.
De tantos olhos que encaram a verdade se desampara
Os espelhos refletem o ar da graça
Da Alma
Da fala
Da vida
E da desgraça
É bonito, feio, paradoxo e antítese
Antônimo perfeito, decadência e abismo
Luz em meio as trevas do abismo da mais pura escuridão
As palavras que rogam em pleno dia noturno
Que faz alvorecer, dez de oito sentenças
Que encanta e canta os olhos, ouvidos e sentidos
É esta a incoesão, que de tão coerente se faz inerente
É consequente.
A descrição da lua, sob o brilho profano
O amor é tão insano
As faces das máscaras
Dos quatro
Dos milhares e milhões
As projeções.
Faz sentido por sentir, mas não pela razão
Existe no íntimo.
Ela cai
A Alma.
Não.
A Máscara.
Pureza inerente do castigo eloquente.
Vem e volta, vai e vem. Perda e luz. Caminho sem volta. Mal incidente?
Sim. Verdade: Verdade inconsequente.
Caminhos da destruição.